Mas, afinal, o que a diferencia do astigmatismo ou hipermetropia? A visão é o sentido primordial para a realização de qualquer tarefa diária, mas mesmo assim o hábito de ir ao oftalmologista ainda não faz parte da realidade de todos. A procura de informações é o primeiro passo para prevenir as principais doenças oculares. A maioria das pessoas são coagidas por condições económicas adversas ou pela preguiça, e acabam por seguir o caminho mais fácil. Certos problemas aparentam ter soluções simplistas porque a maioria não reflete sobre as verdadeiras ameaças à saúde ocular.
Ao desconhecerem as providências necessárias para proteger a visão, comprometem o que poderia vir a ser um bom resultado refrativo e visual. A compra de óculos inadequados, o adiar contínuo da correção de acuidade visual e a automedicação nem sempre levam a finais felizes. O número de casos de miopia aumenta, em grande medida, pelo desconhecimento geral acerca do tema e pela negligência após o aparecimento dos primeiros sintomas. Está na altura de colocar um ponto final a todo o tipo de dúvidas: causas, diagnóstico e tratamentos da miopia.
De certeza que já reparou em pessoas que usam óculos a tirá-los para ver algo ao perto. Este gesto só faz sentido quando se compreende a realidade da miopia. A maioria dos indivíduos míopes têm facilidade em ver objetos que estão próximos, porém, os objetos que estão mais afastados aparecem desfocados. No primeiro tópico terá a oportunidade de entender em pormenor o que é a miopia e quais as causas possíveis.
Miopia o que é e como se origina?
O início da vida escolar pode ser marcado por problemas de visão que influenciam a aprendizagem e o rendimento das nossas crianças e adolescentes. Os erros refrativos são a causa mais comum de deficiência visual. Os cuidados oftalmológicos são essenciais em qualquer fase da vida, mas quando falamos em miopia referimo-nos a uma doença ocular evolutiva e muito comum na infância e juventude.
Os pais devem incentivar o hábito das consultas oftalmológicas desde tenra idade, porque a avaliação ocular é o ponto de partida para detetar os primeiros indícios das principais doenças oculares. O primeiro exame oftalmológico deve ser realizado idealmente antes dos 3 anos, ou seja, antes do início das atividades escolares. A miopia tende a aumentar com a idade e crescimento e, em muitos casos, estabiliza entre os 20 e 25 anos.
Existe uma série de fatores genéticos e ambientais que contribuem para o seu desenvolvimento. Quando há suspeitas de familiares que sofrem de erros de refração ou outras doenças, a criança deve ser vigiada com mais frequência. Isto porque existe uma grande probabilidade de desenvolverem miopia ou outro erro refrativo num futuro próximo. Em pleno século XXI, a causa da miopia relaciona-se sobretudo com a carga horária excessiva do uso de aparelhos digitais. Passar muitas horas a ver televisão ao perto ou à frente do computador são exemplos de práticas que devem ser atentamente controladas/vigiadas pelos pais.
Temos uma pergunta para si: sabe como funciona o olho míope?
Existem dois principais fatores anatómicos que caracterizam a miopia:
- Aumento do comprimento axial do globo ocular;
- Córnea acentuadamente encurvada.
O olho com miopia forma a imagem dos objetos à frente da retina, o que faz com que estes se apresentem turvos. Quando a imagem se foca atrás da retina, a doença ocular passa a ser a hipermetropia. Entretanto, o olho com astigmatismo é mais oval e menos arredondado, com zonas mais planas e outras mais elevadas ou deprimidas. A imagem surge por isso mais difusa, provocando diversos pontos de focagem. Já o olho saudável forma uma imagem nítida na retina para conseguir transmitir as informações ao cérebro através do nervo óptico.
Quais os sintomas da miopia?
As dificuldades de aprendizagem na escola estão muito associadas à dificuldade em ver ao longe. É essencial estar atento a sintomas como dores de cabeça habituais, visão turva, visão distorcida ao longe e o pestanejar frequentemente. Já na fase adulta, os pacientes relatam dificuldade em conduzir à noite e a necessidade de semicerrar os olhos para conseguirem ver melhor.
Mesmo que exista uma predisposição genética para a miopia, há possibilidade de corrigir o problema. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, mais tempo temos para monitorizar e recorrer ao tratamento adequado.
Como é realizado o diagnóstico da miopia?
O diagnóstico serve para determinarmos qual a correção adequada. Nesta etapa, será avaliado o grau de miopia, ou seja, as dioptrias necessárias para a sua correção. Isto significa que, quanto maior for o grau da miopia, mais dificuldade o paciente terá em ver ao longe. Apesar de ser raro, há pacientes que desenvolvem uma forma de degenerescência da retina a que designamos de miopia degenerativa ou maligna. Esta é, aliás, uma das causas importantes de cegueira no mundo.
Qual o tratamento/correção da miopia?
Existem 3 formas de corrigir a miopia:
- Óculos;
- Lentes de contacto;
- Cirurgia refrativa.
Os óculos são uma excelente forma de correção, mas reduzem de forma significativa o campo de visão. Já as lentes de contacto, agora menos frequentemente, podem ser causa de intolerância e exigem um cuidado de higienização diário reforçado. Atualmente, existem lentes de contacto que, quando aplicadas durante a fase de desenvolvimento da miopia, conseguem minimizar a sua progressão.
Se há alguns anos os erros refrativos só podiam ser corrigidos com óculos ou lentes de contacto, atualmente o Laser Excimer utilizado na Cirurgia Lasik permite diminuir a dependência destes. A cirurgia a laser contribui para o sucesso na correção de muitos erros refrativos, mas deve-se ter em mente que só poderá ser opção se o candidato cumprir os seguintes requisitos:
- Ter mais de 20 anos;
- Possuir uma graduação estável durante o último ano;
- Não apresentar lesões ou doenças oculares;
- Miopia de 1 a 6 dioptrias;
- Hipermetropia de 1 a 4 dioptrias;
- Astigmatismo até 4 dioptrias.
Este procedimento é indolor e rápido, sempre com a aplicação de um colírio anestésico. O Laser Excimer vai atuar nas camadas mais internas da córnea, tornando-a mais plana para corrigir a miopia ou mais curva para corrigir a hipermetropia. Após 24 horas, o paciente pode regressar às suas atividades normais e a visão acaba por estabilizar em média entre 1 a 4 semanas. O objetivo final é na maioria dos casos atingido e só em raras exceções (2 a 4%) é necessário proceder a uma reoperação (retoque) para obter a correção esperada.
Mas, e se tiver mais de 7 dioptrias?
A boa notícia é que nos casos em que não é possível realizar a Cirurgia Lasik, as lentes fáquicas poderão ser a solução ideal. Curiosamente, a recuperação da acuidade visual é mais rápida do que com o laser. Em grande parte dos casos, as lentes fáquicas são aplicadas porque a córnea é demasiado fina. Para isso, procedemos a uma avaliação meticulosa do endotélio da córnea e à medição da profundidade da câmara anterior.
Finalizada a cirurgia, é premente acompanhar a estabilidade da lente, tal como a evolução do número de células endoteliais da córnea. Quando não há atraso no diagnóstico ou tratamento, existe uma maior probabilidade de diminuir os danos visuais. O médico oftalmologista é crucial na ajuda da preservação e recuperação da sua visão.