O que é a Luz Azul?
A luz azul está por todo o lado. É emitida pelo sol e por fontes de luz artificial. Conhece os riscos da exposição excessiva a este tipo de luz, pois pode ser perigosa para aos teus olhos.
No compasso dos avanços tecnológicos da era digital, os cuidados oftalmológicos são cada vez mais prementes na proteção da saúde ocular. A geração de nativos digitais enfrenta hoje um dos maiores problemas de saúde pública: a dependência tecnológica. A exposição aos ecrãs começa cada vez mais cedo e por períodos mais prolongados. A alteração de comportamentos motiva a que, a cada dia, uma nova proporção da população mundial seja afetada pelo drástico aumento de exposição à luz azul artificial, tanto de díodos emissores de luz branco-fria (LEDs) como de fontes de luz fluorescente.
Este panorama é de tal forma alarmante que a tecnologia chega mesmo a invadir o tempo das refeições, do sono, do estudo e, sobretudo, do convívio familiar. As principais vítimas são os mais jovens, que já passam muitas vezes mais de 3 horas diárias em frente aos grandes ecrãs ou tablets, muitas vezes sem controlo dos pais.
Num espaço de uma única geração, a exposição aos ecrãs, antes restringida à televisão, é superada agora horas a fio, quer no contexto profissional, quer no académico, com o ensino à distância. É por isso vital descortinar o lado negro da tecnologia: a luz azul-violeta perturbadora e nociva emitida pelos grandes ecrãs e pequenos como o telemóvel aos quais estamos constantemente expostos no quotidiano.
O estudo do olho humano é fascinante. É o único órgão do corpo humano que evoluiu de forma a permitir que a radiação penetre e o atinja profundamente. A penetração da radiação luminosa é o primeiro grande paradoxo: a radiação é um perigo biológico, mas a luz não deixa de ser um componente importante no âmbito da acuidade visual e essencial para a perceção das cores.
A nocividade da luz está relacionada com os comprimentos de onda mais energéticos do espetro luminoso capazes de atingir os tecidos internos oculares. Enquanto os UV (A, B e C) abaixo dos 400 nm são retidos na sua totalidade pela córnea e cristalino, a luz azul-violeta tem a capacidade de atingir a retina.
A luz azul localiza-se no início do espetro visível e inclui as radiações azul-violeta nocivas (comprimento de onda mais curto, 415-455 nm) e, a azul-turquesa benéfica (comprimento de onda mais longo, 465-495 nm) envolvidas no normal funcionamento metabólico (ritmos circadianos e atividade endócrina efetiva). As fontes de luz azul atacam em várias frentes: embora de forma indireta o sol seja a principal fonte de luz azul, os espaços interiores são agora, de forma direta, uma ameaça — luzes LED (35%), aparelhos digitais e lâmpadas fluorescentes.
Antes do confinamento, uma percentagem significativa da população já passava a esmagadora maioria do dia em espaços interiores. Os últimos seis meses, por força da pandemia, a magnitude do problema intensificou-se.
Os LEDs contam com elevadas emissões espectrais no azul e em níveis que merecem a devida atenção sobre exposições cumulativas durante a vida humana. A interação excessiva da luz azul nociva com as células da retina pode conduzir à morte dos fotorrecetores e, mesmo que o nosso organismo tenha bons mecanismos de defesa, vai perdendo gradualmente capacidade para o fazer. A luz ultravioleta e a luz azul-violeta são, neste contexto, culpadas pelo fotoenvelhecimento da pele e ocular. Com o envelhecimento, a acumulação de lipofuscina na membrana de Bruch pode induzir à formação de drusas identificadas como fatores de alto risco para a degenerescência macular ligada à idade (DMI).
Daí a necessidade de alertar sobre os riscos biológicos da exposição à luz azul nociva para minimizar os potenciais danos à saúde visual. É assim crucial sensibilizar também a população para a importância de se limitar a exposição a essas radiações antes que seja tarde demais.
Os carateres ponteados apresentados pelos ecrãs são cada vez mais pequenos e a distâncias muito curtas. Ao focarmos os ecrãs, a luz atinge diretamente a mácula. Embora a energia seja muitíssimo inferior à emitida pelo sol, o período de exposição é muito mais longo, sendo este um dos maiores desafios atuais enfrentados pela Oftalmologia. Outra problemática que afeta a exposição é a crescente visualização noturna dos ecrãs e a intensidade da iluminação LED, com elevado potencial de danos à retina.
Uma vez que a luz turquesa na iluminação LED é muito mais fraca, o reflexo da pupila é afetado, contribuindo para que esta se dilate em maior extensão, tornando assim a luz azul-violeta potencialmente mais prejudicial ao olho. Para agravar ainda mais o cenário, está o facto de o espetro de exposição ser dinâmico, diferindo substancialmente com a idade, ambientes pessoais e profissionais, estando ainda a par dos desenvolvimentos tecnológicos contínuos. Com efeito, cada individuo apresenta um perfil de risco personalizado.
Não obstante a falta de dados clínicos formais que explorem a exposição à luz azul, sabe-se que no grupo de risco estão as crianças, doentes operados com cataratas, com histórico de DMI, doentes com pele clara e iris hipopigmentada, a retinopatia diabética e o glaucoma. A necessidade de proteção contra UV tem sido apoiada em diversos estudos e acredita-se que esteja associada a danos no segmento anterior do olho, nomeadamente o cristalino.
Os pacientes com perfil genético de alto risco devem considerar fortemente o recurso às lentes oftálmicas, que filtram a luz azul nociva, permitindo a passagem de luz azul essencial. Estes filtros beneficiam a acuidade visual e a sensibilidade ao contraste, o que acaba por reduzir a fadiga visual. Por outro lado, a proteção com soluções não invasivas compreende a adoção de hábitos saudáveis e a proteção solar para evitar a exposição a altos níveis de radiação (altitude, reflexo da água e neve) associado ao uso de óculos escuros e viseiras. A adoção de hábitos de saúde pressupõe ainda o parar de fumar e a implementação de uma dieta saudável, rica em antioxidantes.
A regra dos 20-20-20 também se aplica. Ao fim de 20 minutos em frente a um ecrã, deve parar 20 segundos, focar um objeto a 6 metros (20 pés) e pestanejar. Mesmo com a eficácia destas soluções, o contexto atual marcado pelo aumento da exposição à luz azul artificial reforça a necessidade urgente de pesquisas científicas e clínicas relevantes a curto prazo. Os poucos relatórios disponíveis sobre esta temática restringem-se quase exclusivamente a estudos epidemiológicos.
A missão, daqui em diante, será educar os profissionais de saúde ocular e a população acerca dos potenciais perigos da exposição crónica à luz azul e do desenvolvimento contínuo da tecnologia de filtragem da mesma. Acredito que, deste modo, será possível continuar a pautar os serviços de oftalmologia com rigor e excelência a todos os níveis.
A luz azul está por todo o lado. É emitida pelo sol e por fontes de luz artificial. Conhece os riscos da exposição excessiva a este tipo de luz, pois pode ser perigosa para aos teus olhos.
Provavelmente já ouviu falar muito sobre raios UV e o perigo que representam para a sua saúde, mas quanto é realmente sabe sobre eles? Aqui esclarecemos o que é a luz UV, o efeito que tem em si e como se pode proteger eficientemente da exposição a este tipo de radiação.
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